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Ouço muito falar da síndrome do ninho vazio,
referindo-se à sensação de solidão que os pais sentem quando os filhos saem de casa. Geralmente esses comentários carregam um longo suspiro, expressando sentimento de tristeza. Entretanto, acredito que a nossa luta diária em relação aos filhos é exatamente
para que eles aprendam a voar, o que certamente inclui a procura de novos caminhos. Quando finalmente atingem esse objetivo, deveríamos vibrar de tanto contentamento.
A verdade é que depois que os filhos chegam na nossa vida, ela nunca mais será a mesma. A rotina muda e chegam as novas responsabilidades. As alterações são perceptíveis já no início dessa nova jornada, quando sequer conseguimos dormir uma noite inteira. Seremos despertados pelo som do pranto motivado pela cólica, dor de ouvido ou fome. Choro curto, longo ou cortado será a melodia que mais escutaremos por meses. É um tal de trocar fraldas, preparar papinha, monitorar a água do banho na temperatura adequada, evitar correntes de frio, limpar o nariz, olhos e boca. Crescem um pouquinho e essa boquinha, que tanto cuidamos, já quer sair beijando o primeiro que aparece. Dosar a sensação de posse com a de cautela não é tão simples assim. Geralmente são nesses impasses que surgem os primeiros atritos e percebemos que o colo e os abraços não ocorrem espontaneamente. O tempo passa e o nível de dificuldade só aumenta. Um leva e traz da escola, verificar o aprendizado e uma lista sem fim de conselhos difíceis de serem escutados. Permanecer ao lado para acompanhar os primeiros tombos, curar as feridas e secar os "pingos de choro" faz parte do processo.
Isso tudo vem acompanhado de muita insegurança: estou fazendo o melhor para que um dia ele(a) consiga viver sozinho(a)? Colocar limites não é fácil. Construir valores importantes como do amor próprio, humildade, responsabilidade, honestidade e tantos outros é uma constante. Para tudo isso precisamos dar exemplos diários. Não vale só o discurso.
Então, finalmente, crescem e conseguem atingir tudo o que sonhamos juntos e daí vamos reclamar do ninho vazio? Nem pensar! Se não foi bem como você sonhou é outra história.
Aproveite! Chegou a hora daquela viagem tão sonhada que ficou em segundo plano quando eles nasceram. E vá rápido, antes que as pernas não obedeçam mais o corpo e isso dificulte a visita aos locais que exigem longas caminhadas. Respire fundo! Ele fez tudo certinho: cresceu, estudou, conseguiu um emprego e vai ter a sua casa! O que fazer do quarto vazio? Transforme e uma biblioteca, numa academia de ginástica ou então deixe arrumado para quando receber a visita dele.
Curta o seu espaço, que provavelmente ficará mais silencioso e organizado. Leia um bom livro, assista um filme e, quem sabe, uma série inteira sem ninguém para palpitar o que escolheu para apreciar. Viva o ninho vazio! Logo você terá mais um lugar para passear: a residência do seu filho. Ensinar e aprender novos caminhos é uma constante. Fundamental é estabelecer laços que deixem a porta aberta se quiserem voltar e criar uma base forte para enfrentarem os desafios lá fora.